Alta é expressiva quando comparada com os dados obtidos no mesmo mês de 2020
O bom desempenho da produção industrial paranaense, que registrou crescimento de 11,5% entre janeiro de 2020 e janeiro de 2021, segundo o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – teve impacto positivo também na empregabilidade formal do setor no estado. É o que confirmam os números divulgados ontem (30/3) pelo Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged).
Em fevereiro passado, o saldo de vagas criadas (contratações menos desligamentos) na indústria chegou a 9.411. O valor é 78% superior ao registrado no mesmo mês de 2020, quando o saldo foi de 5.280 novas contratações. Comparando o crescimento acumulado no primeiro bimestre deste ano (18.630) com o do ano anterior (12.795), a alta foi de 46%. Já o resultado de fevereiro frente a janeiro deste ano foi 2,1% maior. Saltou de 9.219 no primeiro mês do ano para 9.411 agora.
“Mesmo num ano pandêmico, com paralisação das atividades em alguns segmentos em meados de março de 2020 com reflexo na produção em abril e maio do mesmo ano, de junho para cá, a indústria do Paraná apresentou um ritmo acelerado de recuperação”, argumenta o economista da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Evânio Felippe. “O segmento fechou 22.902 postos de trabalho, entre abril e maio do ano passado. Mas entre junho e novembro abriu 36.844 oportunidades formais, ou seja, não só recuperou os que haviam sido fechados como gerou novas vagas no período”, reforça.
Ele explica que em todo o ano passado, somente em abril e maio, em função da pandemia, e em dezembro, que é um período de sazonalidade para o setor, com mais desligamentos do que contratações, em todos os outros meses a indústria gerou mais empregos do que demitiu.
Até agora, somando janeiro e fevereiro, o setor acumula saldo de 18.630 novas admissões. Das 24 atividades analisadas da indústria de transformação, apenas o setor de bebidas acumula queda nos empregos formais, com fechamento de 64 vagas. Já as que mais contribuíram para um bom resultado este ano foram confecções e artigos do vestuário (3.928 vagas), seguido pelo segmento da madeira (1.477), máquinas e equipamentos (1.406), produtos de metal (1.333), móveis (1.229) e alimentos (1.096). O setor automotivo, um dos mais relevantes para o estado, também vem em trajetória de recuperação após as perdas acumuladas na pandemia. Abriu 674 vagas no bimestre.
Considerando apenas fevereiro, as atividades que se destacaram foram confecções e artigos do vestuário, que contratou 1.870 novos trabalhadores, seguido pelo setor alimentício (874), madeireiro (657), fabricação de produtos de metal (643), máquinas e equipamentos (636), e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (496).
Apesar do saldo positivo, o momento é de cautela ao avaliar o que pode ocorrer nos próximos meses. “O agravamento da pandemia da Covid19 no estado começou após a primeira quinzena de fevereiro e certamente terá reflexos na atividade produtiva e no mercado de trabalho formal no segmento industrial”, alega. O consumo também deve sofrer interferência do atual momento. “Com o fechamento do comércio e de serviços, muita gente ficou sem renda e os recursos previstos nos programas de auxílio, divulgados pelo Governo Federal este ano, serão bem menores e destinados a menos pessoas do que no ano passado”, explica. “Isso deve reduzir as vendas e a produção nas fábricas, comprometendo uma recuperação mais vigorosa da economia brasileira este ano”, prevê o economista.
O aumento da taxa a de juros, a Selic, de 2% para 2,75% ao ano, anunciado pelo Banco Central para conter a inflação, também penaliza uma retomada mais forte este ano “A situação atual ainda é de letargia na economia”, completa.
A protelação de impostos anunciada recentemente pelo Governo do Paraná até ajuda as empresas neste momento. Mas não é suficiente para garantir a manutenção dos empregos. Felippe argumenta que por ser uma atividade essencial, as indústrias até têm mantido sua atividade, mas a paralisação de outros segmentos em cadeia afeta diretamente o ritmo de trabalho nas linhas de produção. “É preciso aguardar para fazer uma avaliação mais precisa porque ainda não sabemos como o setor vai se comportar daqui em diante. Tudo será reflexo de como as autoridades vão agir para controlar o avanço da Covid 19 no estado”, conclui.
Fonte: Agência Fiep